quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O compasso da desilusão

Fotografia por Izabel Godoy. Agradecimento à Letícia Godoy, modelo da imagem.


O compasso da desilusão


A decepção escorre quente e molha o rosto.
Palavras ditas, emoções entregues ao ar,
Penetram como flechas certeiras ao peito.
Ecoam dúplices, tríplices e misturam-se: Drink de várias dores.

Desespero, desamparo e angústia se acomodam.
Pedem espaço onde nobres sentimentos tinham vez.
Carregada, inerte e lacrimosa, aquela que reluta,
Torna-se alvo e despe-se sem culpa.

A raiva ladra quando a ferida é tocada.
A verdade aflora ao despertar do “animus”,
E, sem desculpas, cospe por morteiros.
Tiros indiretos. Batalha vencida.

Coroando a desgraça vem o silêncio,
Mortal companheiro das decisões dissolutas.
Com um nó na garganta, sufocando gritos de clemência e justiça,
A bailarina se lança, sai de cena – fim do primeiro, e único ato.

Izabel Godoy.